Terça-feira, 12 de Agosto de 2008
"Tenho mais pena dos que sonham o provável, o legítimo e o próximo, do que dos que devaneiam sobre o longínquo e o estranho. Os que sonham grandemente, ou são doidos e acreditam no que sonham e são felizes, ou são devaneadores simples, para quem o devaneio é uma música da alma, que os embala sem lhes dizer nada. Mas o que sonha o possível tem a possibilidade real da verdadeira desilusão. Não me pode pesar muito o ter deixado de ser imperador romano, mas pode doer-me o nunca ter sequer falado à costureira que, cerca da nove horas, volta sempre a esquina da direita. O sonho que nos promete o impossível já nisso nos priva dele, mas o sonho que nos promete o possível intromete-se com a própria vida e delega nela a sua solução. Um vive exclusivo e independente; o outro submisso das contingências do que acontece."
Fernando Pessoa, in 'O Livro do Desassossego'
Ele pretendeu sempre desassossegar-nos um pouco, não achas? Adorei as cartas dele ao Adolfo Casais Monteiro. Adorei mesmo e releio-as de vez em quando, na edição facsimilada da Presença que o Luís F. Rebelo me enviou há uns bons anos atrás.
Um beijinho e um grande abraço para ti!
cheguei a Pessoa atravez do Desassossego ...marcou uma etapa de mim....
revejo-me e sinto muito daquilo.
Beijinho

Também eu, Flor. Também eu me revejo nas suas palavras.
Um grande abraço para ti!
diz lá...